Tratamento do Hipotireoidismo
A Levotiroxina é a substância recomendada no tratamento de hipotireoidismo. São muitos os seus benefícios que fazem dela a terapia ideal para a reposição do hormônio tiroideano:
- Sua longa história de eficácia na resolução dos sintomas do hipotireoidismo,
- Perfil seguro no uso a longo prazo,
- Facilidade de administração em dose única,
- Sua longa meia vida,
- Sua absorção intestinal,
- Seu baixo custo e disponibilidade de acesso.
A terapia de reposição com a levotiroxina tem dois grandes objetivos principais: A resolução dos sintomas dos pacientes com hipotireoidismo e a normalização do TSH. Entretanto, devemos observar alguns cuidados para que estas metas sejam atingidas:
- Não mude a marca de sua levotiroxina. Não existe bioequivalência entre os vários produtos no mercado. Isto poderá alterar o seu TSH. Se houver necessidade de mudança na marca do produto, procure seu endocrinologista para que ele possa fazer o novo ajuste na dosagem. Formulações manipuladas de levotiroxina não são aconselháveis.
- A levotiroxina deve ser tomada preferencialmente em jejum, de no mínimo 30’ antes da primeira refeição. Em casos excepcionais, em pacientes com dificuldade de absorção por doenças gastrointestinais, a levotiroxina também poderá ser administrada ao deitar, no mínimo 3 horas após a última refeição. Também é recomendado, que não se administre a levotiroxina junto a outros suplementos vitamínicos e minerais. Recomenda-se pelo menos 4 horas entre os produtos. A monitorização do TSH deve ser feita com mais frequência quando os seguintes medicamentos são usados nos pacientes que fazem reposição com tiroxina: fenobarbital, fenitoína, carbamazepina, rifampicina, sertralina, entre outros.
Para que o médico possa decidir qual a dose inicial da levotiroxina a ser reposta no paciente, leva-se em consideração, o peso do paciente, a massa corporal magra, a etiologia do hipotireoidismo, o grau de elevação do TSH, a idade e o contexto clínico geral. Os ajustes de dose devem ser feitos quando houver grande alteração no peso corporal, com o envelhecimento, durante a gravidez, sempre reavaliando o TSH 4 - 6 semanas após qualquer mudança de dosagem.
Os efeitos deletérios da tireotoxicose iatrogênica (excesso de hormônio tiroideano) mais preocupantes são a fibrilação atrial e osteoporose. Por isto, valores de TSH abaixo de 0,3 mUI /L, especialmente em idosos e mulheres na pós-menopausa devem ser evitados.
Ao contrário, os efeitos adversos da insuficiente reposição hormonal (hipotireoidismo iatrogênico) incluem piora no perfil lipídico no sangue e na progressão da doença cardiovascular.
Nota: Modismos como associação de T3 e T4, assim como o uso de tiróide dissecada e suplementação com iodo manipulado devem ser evitados, sob risco de problemas adicionais de saúde futuros. Também recomendamos contra o uso de suplementos alimentares/nutracêuticos, ou qualquer outro produto de manipulação que esteja sendo indicado para o tratamento do hipotireoidismo.
Perguntas frequentes relacionadas ao tratamento do hipotiroidismo:
1) Faço tratamento para hipotireoidismo e meu endócrino diz que a minha dosagem de reposição está correta. Estou acima do peso e deprimida e fui orientada por uma amiga a usar uma dose maior da que venho usando. Isto corrigirá meu peso e minha depressão?
Infelizmente não. Não há evidências científicas suficientes de qualquer benefício para este tipo de recomendação. Poderá inclusive haver piora do seu estado emocional, com irritabilidade, alteração do sono e aumento da ansiedade. Esta última levará a um aumento de ingesta alimentar, muitas vezes sem que você perceba, e assim continuará ganhando peso. Seu médico poderá orientá-la sobre as próximas etapas do tratamento, após ter sido alcançado o eutiroidismo.
2) Meu TSH está normal, mas mesmo assim tenho sintomas parecidos com os do hipotireoidismo. Um outro profissional me prescreveu levotiroxina. Devo tomar?
Não. Todas as Sociedades Científicas que lidam com este tema são unânimes e recomendam fortemente contra o uso do tratamento com levotiroxina em pacientes com sintomas inespecíficos e índices bioquímicos normais de função da tiroidena. A recomendação está amparada na escassez de dados controlados que mostrem melhora clínica nestes pacientes.
3) O tratamento combinado do T3 + T4 é superior ao tratamento tradicional com T4 (levotiroxina) apenas?
Até o momento, não há evidências de superioridade da terapia combinada sobre a terapia tradicional de reposição com levotiroxina (T4). Portanto, recomendamos contra o uso rotineiro da combinação T3+T4 como forma de reposição, com base nos resultados conflitantes de benefícios nos ensaios clínicos randomizados que comparam esta terapia à tradicional. Além disto, há escassez absoluta de dados sobre o uso da terapia combinada a longo prazo e sobre sua repercussão sobre a saúde óssea e cardiovascular.